10 de nov. de 2010

Fora do eixo da bu(r)ocracia


Falar sobre o Circuito Fora do Eixo é uma missão inglória. Pelo visto em outros textos nesse mesmo espaço, o atento leitor deve imaginar que a dimensão do Fora do Eixo é nacional e as iniciativas dos Coletivos reunidos Brasil afora são ambiciosas - e confirmo, são mesmo! Logo, deixar que um aspirante a jornalista tente expor um assunto grande e bom como esse em um só texto não vai dar lá muitos resultados. Que tal focar em um detalhe, buscar uma linha de pensamento? Ótimo. Era bem isso que a professora de redação dizia. Qualquer tropeço, a culpa é dela.

Além de polvo Paul, fim de Lost e mineiros do Chile, a política é um tema bastante presente nas rodas de conversa esse ano. Independente de você ter feito coleção de santinhos de candidatos, tentado jogar Tetris na urna eletrônica ou votado no Eymael, o democrata cristão, em algum momento a política dominou seu vasto repertório de debates, não foi? Vou acreditar que sim. E onde o Fora do Eixo entra nisso? Ah, eu acredito que o Circuito possui uma capacidade considerável de remar contra a maré, politicamente falando.

 “Democratizar o acesso à educação e à cultura” é um termo bonito aos meus olhos, pena ele ser utilizado frequentemente, constantemente, loucamente, por políticos e seus colegas marqueteiros. Desse uso sem-noção, o termo já não faz mais sentido, está agora no rol das promessas vazias. O trabalho realizado do Amapá ao Rio Grande do Sul pela galera do Fora do Eixo é cheio - de metas, realizações, integração. Esse intercâmbio cultural feito pelos 65 pontos Fora do Eixo no continente de nome Brasil é de um valor, tanto agora quanto no futuro, imenso. 

Diga-me, quando um guri do Sul iria conhecer o som feito por uns caboclos do Norte do Brasil? Pelos planos mirabolantes vindos de “nossos” políticos, tudo teria de passar por aprovações, requerimentos, idas e vindas, debate na imprensa, dólares na cueca, privatizações de estatais e afins. Pelo Fora do Eixo, o processo é mais simplificado, dinâmico, quiçá desburocratizado. 

Sim, a verba capaz de fazer o Eixo girar também, e não somente, vem de editais. Mas, quem está no Circuito sabe que o trabalho ali realizado tem bases estruturadas para não ficar apenas mamando nas tetas da União. Independência é a palavra. Com o Fora do Eixo, a cultura é pública, não estatal. Fica a dica, e a lição. 

Esporte também é cultura, e o Brasil vai sediar a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olimpícos em 2016, os dois notadamente conhecidos pela dimensão mundial. Como estão os planos de Vossas Excelências para que o Brasil não herde apenas dívidas ao final dos eventos? Que tal integrar ações, como faz (bem) o Fora do Eixo?

Um comentário:

Yuri Martinez disse...

A gente precisa valorizar essa produção. Mais do que uma produção que foge às correntes marítmicas da cultura da grande mídia, esta é uma produção da nossa cultura, da cultura que a gente respira de verdade, não a que somos submetidos a engolir.
Belo texto!